Princípio do Contraditório: Entenda a importância da proteção do direito de defesa!

estátua da Justiça de metal com balança à frente

Você sabe o que é o princípio do contraditório? Trata-se de um dos princípios mais importantes no âmbito jurídico, fundamental para garantir a equidade e a justiça em diversos processos legais.

Neste artigo, vamos explicar o que é o princípio do contraditório, o que a legislação estabelece sobre o tema, a diferenciação em relação à ampla defesa, um breve contexto histórico, a aplicação em diversas áreas do direito e, por fim, a importância crucial desse princípio no sistema jurídico. Boa leitura!

O que é o princípio do contraditório?

O princípio do contraditório busca garantir a equidade e oportunidades iguais para todas as partes envolvidas em um processo, seja judicial ou administrativo. Ele assegura que ambas as partes tenham o direito de conhecer, debater e contestar todos os argumentos e evidências apresentados ao longo do processo. A ideia é que nenhuma decisão seja tomada sem que as partes tenham a oportunidade de se manifestar.

O que diz a lei sobre o princípio do contraditório?

A fundamentação legal do princípio pode ser encontrada no artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

  • LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”

Além de sua garantia na Constituição Federal, também é possível encontrar o contraditório no Código de Processo Civil. Segundo o artigo 7º do CPC:

  • “é assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.”

Dessa forma, o princípio busca concretizar duas garantias constitucionais processuais: a participação efetiva no processo, permitindo ser ouvido e comunicado, e a possibilidade de influenciar a decisão através da apresentação de fatos e argumentos, evitando decisões surpresa.

Qual é a diferença entre o contraditório e a ampla defesa?

O contraditório e a ampla defesa são dois conceitos no mundo jurídico que sempre andam juntos. O contraditório é sobre o direito das partes envolvidas em um processo de falar. Em processos civis, se alguém acusado não puder contestar a ação, a decisão do juiz é cancelada. Em processos criminais, a decisão pode ser adiada até que a pessoa faça sua defesa. 

Já a ampla defesa é mais abrangente, é o direito da pessoa usar todas as formas possíveis para proteger seus direitos. Isso inclui mostrar provas e usar recursos legais. O juiz não pode impedir a pessoa de mostrar uma prova, a menos que seja repetitiva, sem importância ou só para atrasar o processo. A ampla defesa visa garantir que a parte use todas as regras legais disponíveis para conseguir justiça.

Então, enquanto o contraditório é sobre a oportunidade de falar, a ampla defesa é sobre usar todas as ferramentas e regras disponíveis para alcançar os objetivos jurídicos durante um processo judicial.

Qual é o contexto histórico do princípio do contraditório?

O princípio do contraditório possui raízes históricas que remontam ao ano de 1215 na Inglaterra, com a imposição da “Magna Charta Libertatum” pelos barões burgueses ao Rei João Sem Terra. Esse marco inicial do devido processo legal, do qual o contraditório é uma peça fundamental, se consolidou no direito inglês, garantindo a todos os litigantes o acesso à justiça por meio do desenvolvimento regular do processo.

Desde a primeira Constituição Federal de 1824, o contraditório tem previsão legal no ordenamento jurídico brasileiro. Essa garantia, embasada nas Magnas Cartas que a sucederam, assegura um processo justo e equitativo, salvo na Carta de 1937, que, devido ao seu caráter totalitário, não contemplou garantias constitucionais do processo.

Ao longo da evolução do princípio do contraditório, sua aplicabilidade inicialmente limitada aos litigantes de processos criminais se expandiu, abrangendo diversos campos jurídicos. A Declaração Universal dos Direitos do Homem reforça essa evolução, estabelecendo o direito à presunção de inocência e um julgamento público com garantias necessárias à defesa, ressaltando a importância desse princípio na busca pela justiça.

papel amarelado com a inscrição Carta Magna of King John, ad 1215
O princípio tem sua origem na “Magna Charta Libertatum”

Como o princípio do contraditório é aplicado no CPC?

O princípio do contraditório, fundamental em todas as fases do processo judicial, é claramente definido no Código de Processo Civil (CPC), assegurando a participação equitativa das partes. Confira alguns exemplos práticos de sua aplicação a seguir!

Manifestação nos Embargos de Declaração

De acordo com o artigo 1.023, § 2o: “o juiz intimará o embargado para, querendo, se manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.”

Aqui, o juiz notifica o embargado para que, se desejar, se manifeste em até 5 dias sobre os embargos apresentados. O objetivo é garantir que as partes tenham a oportunidade de se pronunciar quando a decisão a ser embargada for potencialmente modificada, respeitando o contraditório.

Alteração do pedido ou causa de pedir pelo autor

Segundo o artigo 329, inciso II – ”até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.”

Aqui, a lei permite ao autor, até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir com o consentimento do réu. Vale destacar que, para garantir o contraditório, o réu tem um prazo mínimo de 15 dias para se manifestar, incluindo a faculdade de requerer prova suplementar.

Utilização de prova em processo diverso

De acordo com o artigo 372. “O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.”

Nesse caso, a lei permite que o juiz aceite como prova informações de outro processo, dando a elas o valor que achar certo e garantindo que as partes envolvidas possam se manifestar sobre essas evidências. Dessa forma, o juiz pode usar informações de um processo anterior, e as partes têm a chance de expressar sua opinião sobre essas provas.

E como o princípio do contraditório é aplicado em outras áreas do Direito?

Além da esfera cível, o contraditório também está presente em diversas áreas do sistema jurídico. Entenda melhor a seguir!

Direito Penal

Aqui, um bom exemplo de manifestação do contraditório, é quando se discute a liberdade de locomoção do indivíduo. Mesmo que o acusado opte por não apresentar defesa, é obrigatoriamente garantida a ele a defesa técnica. 

O artigo 261 do Código de Processo Penal (CPP) reforça essa garantia, estipulando que “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.” 

Dessa forma, além do direito à informação sobre o processo movido contra si, o réu possui o direito-dever de participação, mesmo que permaneça inerte.

Direito Trabalhista

Já no âmbito trabalhista, o princípio do contraditório tem um papel importante na garantia dos direitos dos trabalhadores. Em situações de litígio entre empregado e empregador, é assegurado que as partes tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos e provas

Esse princípio está presente em todas as etapas do processo trabalhista, desde a apresentação da reclamação até a defesa das partes envolvidas. O contraditório nesse contexto, visa um processo justo, proporcionando igualdade de oportunidades para todos se manifestarem.

duas mulheres com pranchetas conversando com juiz em tribunal
O princípio é importante no âmbito trabalhista para garantir direitos

Quais são os principais benefícios do contraditório em um processo judicial?

Agora que você já entende melhor o funcionamento do contraditório na prática, vamos trazer a sua importância para o sistema jurídico. Acompanhe!

Igualdade de oportunidades

O princípio do contraditório proporciona igualdade de oportunidades para todas as partes envolvidas em um processo legal. Isso significa que tanto o autor quanto o réu têm a chance de apresentar seus argumentos, contestar evidências e participar ativamente das etapas do processo.

Garantia do direito de defesa

Todas as partes têm o direito fundamental de se defender, de responder às acusações e de apresentar suas versões dos fatos. Esse aspecto essencial protege contra decisões unilaterais e assegura que todos tenham a oportunidade de influenciar o resultado do processo.

Prevenção de decisões arbitrárias

O contraditório atua como um mecanismo de prevenção contra decisões arbitrárias ou parciais. Ao permitir que as partes contestem informações apresentadas e expressem seus pontos de vista, o princípio contribui para a construção de decisões mais imparciais. Isso fortalece a integridade do sistema jurídico e promove a confiança nas instituições judiciais.

Construção de decisões mais sólidas

A participação ativa das partes no contraditório contribui para a construção de decisões mais bem fundamentadas. As argumentações apresentadas pelas partes e as contestações realizadas durante o processo permitem ao juiz avaliar diferentes perspectivas e considerar todos os elementos relevantes.

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