Imagine que você decide abrir uma empresa com grande potencial de crescimento e que, futuramente, pretende atrair investidores do mercado financeiro. Nesse cenário, optar por constituir uma Sociedade Anônima (S.A.) pode ser o caminho ideal. A S.A. é uma das estruturas jurídicas mais relevantes no universo do direito empresarial, permitindo a captação de recursos via mercado de capitais e garantindo responsabilidade limitada aos acionistas.
Neste artigo, vamos explorar a fundo como funciona a sociedade anônima: desde sua constituição legal até os mecanismos de governança, passando pela composição do capital, a atuação dos seus órgãos administrativos e as regras impostas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O que é uma Sociedade Anônima e como ela se diferencia de outros tipos societários?
A Sociedade Anônima (S.A.) é uma forma de organização empresarial prevista no direito empresarial brasileiro, cuja principal característica é a divisão do capital social em ações. Esses títulos podem ser adquiridos por um ou mais acionistas, que têm sua responsabilidade limitada ao valor de suas ações.
O funcionamento da S.A. é regido por um estatuto social, e não por contrato social, como ocorre nas sociedades limitadas (LTDA). Isso confere maior formalidade e transparência à sua gestão. A estrutura societária da S.A. é composta por órgãos como a assembleia geral, o conselho de administração e a diretoria executiva, o que garante uma divisão clara de responsabilidades e um sistema de freios e contrapesos.
Uma das grandes vantagens da S.A. é a possibilidade de captar recursos por meio do mercado de capitais, o que é viabilizado por sua estrutura jurídica e pelas exigências de governança corporativa. Empresas organizadas sob o modelo societário da S.A. podem realizar ofertas públicas de ações e atrair investidores institucionais.
Além disso, enquanto na sociedade limitada o número de sócios costuma ser restrito e as decisões são geralmente tomadas de forma consensual, na S.A. as ações podem ser livremente negociadas, o que possibilita maior liquidez e facilita a entrada de novos investidores. Isso a torna especialmente atrativa para negócios com perspectiva de expansão.
Como é feita a constituição de uma Sociedade Anônima?
Para constituir uma S.A., é necessário cumprir etapas legais que garantem sua formalização como pessoa jurídica. O processo começa com a elaboração do estatuto social, documento que rege o funcionamento da empresa, define o capital social mínimo e estabelece a estrutura administrativa. É nesse momento que também se decide se a empresa será de capital aberto ou fechado.

Após a definição do estatuto, a empresa deve ser registrada na junta comercial do estado em que está sediada e obter o número do CNPJ junto à Receita Federal. O registro empresarial garante validade legal à sociedade e permite sua atuação regular. Em casos de companhias abertas, o registro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é obrigatório.
Quais são os órgãos que compõem a estrutura corporativa de uma S.A.?
A estrutura corporativa de uma S.A. é composta por três principais órgãos: assembleia geral, conselho de administração e diretoria executiva.
A assembleia geral reúne os acionistas e é o órgão soberano da sociedade. Ela delibera sobre matérias como eleição de conselheiros, aprovação de contas, distribuição de lucros e alterações no estatuto social. Pode ser ordinária ou extraordinária, dependendo da natureza dos assuntos discutidos.
O conselho de administração é um órgão colegiado e deliberativo que atua como instância superior de decisão estratégica. Ele supervisiona as ações da diretoria executiva, aprova planos de negócios, investimentos e políticas corporativas. Em companhias abertas, sua existência é obrigatória, e sua composição deve observar critérios de independência e transparência, muitas vezes incluindo conselheiros externos.
A diretoria executiva, por sua vez, é o órgão de gestão operacional da companhia. Ela é formada por diretores estatutários, eleitos pelo conselho de administração (ou pela assembleia, nas S.A.s fechadas sem conselho), com funções definidas no estatuto social. Entre suas atribuições estão a execução das estratégias, a administração dos recursos da empresa e a representação da companhia perante terceiros.
A atuação coordenada desses órgãos, com funções e responsabilidades claramente definidas, promove uma estrutura de governança eficiente, reduz riscos de má gestão e assegura o cumprimento das normas legais e estatutárias. Essa arquitetura de poder é essencial para empresas que operam com capital intensivo e dependem da confiança do mercado e dos investidores institucionais.
Qual é o papel do estatuto social em uma sociedade anônima?
O estatuto social é o documento que define as regras internas de funcionamento da sociedade anônima. Nele estão previstas as competências dos órgãos de administração, a forma de distribuição de lucros, o capital social, as regras de quórum de deliberação e os direitos dos acionistas.
Além disso, o estatuto estabelece o regime jurídico da companhia, fixando limites para a responsabilidade dos administradores e acionistas. É ele que assegura o compliance jurídico da empresa, funcionando como uma constituição interna que norteia todas as ações da sociedade.

Como funciona o capital social e quais são os tipos de ações disponíveis?
O capital social de uma S.A. representa o valor total investido pelos acionistas na empresa. Ele pode ser integralizado em dinheiro, bens ou direitos, e deve estar claramente especificado no estatuto social. Em companhias abertas, o capital pode ser aumentado por meio de oferta pública inicial (IPO).
Existem dois tipos principais de ações: as ações ordinárias e as ações preferenciais. As ordinárias garantem direito a voto nas assembleias, enquanto as preferenciais oferecem prioridade na distribuição de dividendos, mas geralmente sem direito a voto. O acionista, independentemente do tipo de ação que possui, tem responsabilidade limitada ao valor de suas ações.
O que é governança corporativa e por que ela é tão importante em S.A.s?
A governança corporativa é o conjunto de práticas e regras que asseguram uma gestão ética, transparente e responsável dentro da sociedade anônima. Seu objetivo é alinhar os interesses dos acionistas, diretores e demais stakeholders, promovendo segurança jurídica e estabilidade institucional.
Nas S.A.s, a governança é reforçada pela atuação conjunta dos órgãos administrativos, pela clareza do estatuto social e pelo cumprimento das normas da CVM. Boas práticas de governança fortalecem o valor da empresa no mercado e atraem investidores institucionais.
Como funciona a atuação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)?
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão regulador do mercado de capitais brasileiro. Ela estabelece regras para companhias abertas, protege os investidores e fiscaliza práticas de governança corporativa. Toda sociedade anônima de capital aberto deve seguir as normas impostas pela CVM.
Entre suas funções, destacam-se o registro de companhias abertas, o acompanhamento de ofertas de ações e o monitoramento do cumprimento das regras da CVM. A atuação da CVM é essencial para garantir um ambiente de negócios transparente e seguro.
Quais são as responsabilidades legais dos acionistas e administradores?
Os acionistas de uma S.A. têm responsabilidade limitada, o que significa que não respondem com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da empresa, exceto em casos de fraude ou abuso de poder. Já os administradores podem ser responsabilizados civil e criminalmente por atos praticados em desconformidade com a lei ou o estatuto social.
O regime de responsabilidade é detalhado na legislação e no estatuto, estabelecendo mecanismos de proteção aos investidores e à própria sociedade. O cumprimento das obrigações legais e a observância das normas de governança são essenciais para evitar litígios.

Quais são os principais desafios jurídicos no funcionamento de uma S.A.?
Entre os principais desafios enfrentados por uma S.A. estão o cumprimento das normas de compliance jurídico, a adaptação às constantes mudanças no regime jurídico e a transparência na administração corporativa. Questões como conflitos entre acionistas, mudanças no estatuto e auditorias também exigem atenção.
Além disso, é necessário manter a regularidade do registro empresarial, atualizar o CNPJ e zelar pela integridade da estrutura societária. Empresas que negligenciam esses aspectos podem enfrentar penalidades legais e perda de credibilidade no mercado.
Como estudantes e profissionais de Direito podem se especializar nesse tema?
A área de Direito Empresarial oferece diversas oportunidades de especialização. Estudantes e profissionais interessados em atuar com sociedades anônimas devem buscar aprofundamento em temas como mercado de capitais, governança corporativa, compliance jurídico e estrutura societária.
Participar de cursos, eventos, seminários e acompanhar as publicações da CVM são formas práticas de se manter atualizado. A compreensão do funcionamento das S.A.s é um diferencial competitivo para quem deseja atuar em grandes escritórios ou departamentos jurídicos de empresas.
Agora que você já entende o que é uma sociedade anônima, fica claro que seu estudo é indispensável no campo do Direito Empresarial. Conhecer suas estruturas, responsabilidades e mecanismos regulatórios ajuda a prevenir riscos, garantir transparência e orientar juridicamente empresas e investidores.
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